Jornalistas e movimentos sociais reuniram-se, nesse sábado (9), para traçar estratégias de combate aos discursos preconceituosos nos meios de comunicação. O estopim foi o comentário do apresentador Sikêra Júnior, da TV Arapuan, sobre uma mulher detida. Ele disse que ela era “sebosa e nojenta” pois não estava com as unhas pintadas.
O grupo considerou que há uma série de atentados aos direitos humanos e estarão lutando em defesa de uma comunicação que informe, eduque e cumpra seu papel social, enquanto concessão pública.
A declaração de Sikêra Júnior repercutiu e a rapper e feminista, Kalyne Lima, repudiou as palavras do comunicador, com uma nota publicada no Facebook. Ela classificou a atitude do apresentador como misógina e racista.
Segundo os integrantes da reunião, o caso será denunciado ao Ministério Público da Paraíba (MPPB). O movimento também se organiza para mover ações civis públicas e coletivas, direcionadas ao Ministério Público Federal (MPF), através de entidades como FNDC, FINDAC, CUT, Movimento de Mulheres, Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Paraíba e outras.
“Essa batalha de regulamentação dos meios de comunicação não é nova e nem está perto de ser vencida. É por isso que permanecemos na luta em defesa de uma comunicação democrática de fato”, disse a coordenadora do FNDC-PB e secretária de Comunicação da CUT-PB, Lúcia Figueiredo.
O grupo da reunião criou duas comissões: uma vai tratar de avaliar o que foi aprovado na Conferência Nacional de Comunicação como dispositivos que já regulamentam as iniciativas de controle social por meio de conselhos e órgãos de fiscalização e a outra comissão vai tratar das ações que serão impetradas contra a empresa e Sikêra Júnior.
Os integrantes do movimento decidiram pelos seguintes pontos:
– conseguir, a nível estadual, OAB e MPPB, normatização de que nenhum meio de comunicação fira Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), para que, se não cumprirem, arquem com as responsabilidades;
– acionar o Ministério Público Federal (MPF) em torno da reparação;
– pedido de retratação pública e retratação do profissional dentro do programa e outros espaços na programação da empresa para alertar e denunciar.
Entenda o caso
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